PARTE 3 - "E ESTA ERA A MINHA CRUZ..."

[TESTEMUNHO – PARTE 3]

"Quando o faraó deixou sair o povo, Deus não guiou o povo pelo caminho que passa pela terra dos filisteus, embora mais curto, pois achava que, diante de um combate, o povo poderia arrepender-se e voltar para o Egito. Deus fez o povo dar uma volta pela rota do deserto do mar Vermelho. E os israelitas saíram do Egito bem armados", (Êxodo 13, 17-18).

Desde aquela noite de Natal (em 2012) até 2016, voltei a reencontrar e a ficar novamente com o rapaz por diversas vezes, bem como o vi – também por diversas vezes – escolher a outra(s) moça(s). E assim, eu adentrava cada vez mais o caminho por onde devia trilhar: o deserto. Em contrapartida, Deus fez grandes coisas em meu favor. Por isso, hoje posso dizer a vocês que, entre mim e todas essas moças que o rapaz preferiu ao longo desse tempo, eu sou aquela que mais foi beneficiada, aquela que teve uma enorme vantagem em relação às demais, porque... 
...ele não me escolheu, mas eu fui escolhida por alguém infinitamente melhor do que ele; alguém, sobretudo, perfeito: DEUS!

"Habitarei no meio de ti, e saberás que fui enviado a ti pelo Senhor dos exércitos", (Zacarias 2, 15).

Entre as idas e vindas, cheguei a conhecer outros rapazes (poucos) e, com eles, minha oração foi prontamente atendida! Diante da sensação de que lhes faltava algo, eu recorria: “Senhor, este não parece ser o rapaz por quem esperei a vida toda. Se, de fato, não for, tirai-o do meu caminho” e não demorava muito até que o rapaz tomasse outros rumos. Um deles, por exemplo, foi para a Espanha, depois, Romênia, Áustria, Alemanha, Brasil, Chile... e, recentemente, me contou que estava a caminho da China [também não precisava tanto, né? rsrs]. 

Por outro lado, quando o assunto era aquele moço...
Quanto mais eu pedia que Deus o afastasse de mim, tanto mais ele cruzava o meu caminho - no supermercado, na praça de alimentação onde eu almoçava, ao atravessar a rua (era justamente ele a parar o carro na faixa de pedestres), numa festa, no meu prédio (agora pra visitar o amigo), e até mesmo, no meu trabalho (por motivo de estudos). Eu já tinha até medo de sair de casa porque, vê-lo (algumas vezes, acompanhado!) ou ficar apenas esporadicamente com ele, era como que um tormento para minha alma. Não havia espaço para mim em sua vida. A "terra" já estava ocupada e aqueles que lá estavam pareciam verdadeiros gigantes - maiores e mais fortes do que eu.

“A terra - disseram eles - que exploramos, devora os seus habitantes: os homens que vimos ali são de uma grande estatura; vimos até mesmo gigantes, filhos de Enac, da raça dos gigantes; parecíamos gafanhotos comparados com eles”, (Números 13, 32-33). 

Um dia - numa noite de dor intensa e choro profundo, depois de um encontro nada amigável com ele - perguntei a Deus por que Ele permitira que esse rapaz entrasse na minha vida me causando (sem intenção) tanto sofrimento. E, por meio de uma visão, Deus me mostrou ele (o rapaz), à margem, me conduzindo por um caminho que levava a Deus. Era escuro e estávamos em um grande palácio sem paredes, nem portas, e havia um caminho (como que um tapete vermelho) que levava ao altar onde se encontrava o Rei. O rapaz estava à margem, e segurava minha mão como que me conduzindo por aquele caminho... 

Quando vi isso, o meu choro cessou! E a partir daquele momento eu pude entender duas coisas: 
[A primeira] - que não era suficiente que Deus me ajudasse a encontrar o homem da minha vida (e ficar com ele pra sempre), porque isso Ele poderia fazer antes mesmo que eu pedisse. Antes, porém, era necessário ter Jesus como o Senhor da minha vida. 
[A segunda] - que, enquanto eu pedia insistentemente a Deus que o afastasse de mim, Deus usava o tal moço para me aproximar Dele. 

"Ele nos conhece e nos ama, sabe qual é o remédio que nossa alma precisa. 

"É o médico que deve prescrever o remédio, e não o doente. 

E o médico não prescreve o medicamento que agrada ao paciente, mas aquele que o cura"(1) professor Felipe Aquino. 

Com isso, Jesus tirava-me do meio daquele abismo - onde eu parecia ter caído tempos atrás. Porém, ao invés de levar-me para um lugar onde eu estivesse segura, Ele levou-me de volta ao ponto onde eu estava inicialmente: diante do abismo. E por quê?
Porque o caminho para chegar “ao outro lado” era aquele. E, embora estivesse rompido - separado por um abismo - agora era possível atravessá-lo porque, da cruz, Jesus havia feito uma ponte. 


Enquanto eu avançava na "travessia", (em 2016) o rapaz me escreveu assim: “[...] Desculpe se te magoei. Sempre tive a impressão de deixar claro que sinto um carinho de amigo, mas não de uma relação homem-mulher por você. Talvez não seja o suficiente, mas é o que eu posso dar, se assim você quiser. Não estou falando de nenhum tipo de relação amorosa, mas, quem sabe, uma amizade? Às vezes é muito mais valiosa do que outras coisas. Se isso pode te magoar, então realmente deves ficar longe”

Quando li isso eu fiquei me perguntando por que eu havia permanecido tanto tempo ali, mesmo já sabendo disso antes mesmo que ele me dissesse. Tentava compreender por que razão eu permanecera à sua porta, alegre, feliz e cheia de esperança de que (um dia) ele sentisse vontade de me encontrar depois, e depois, e depois, e depois... E, aí, passou-se todo um filme na minha cabeça até que eu percebi que - por mais que eu quisesse sair dali e pedisse insistentemente a Deus que me livrasse daquele sofrimento (tirando o rapaz do meu caminho) - Deus nunca havia me deixado sair dali.

“Aba! (Pai!)”, suplicava ele. “Tudo te é possível; afasta de mim este cálice!”, (Marcos 14, 36).

Cada vez que eu pensava em desistir e fazer o caminho de volta, Ele vinha ao meu encontro, me levantava, me consolava e me ajudava a prosseguir, de forma a poder chegar ao outro lado daquela ponte.
O interessante é que, ao me dar conta disso, a culpa que recaía sobre o rapaz foi, automaticamente, projetada sobre Jesus e ele (o rapaz) já não me devia mais nada. Com sua "confissão", sua "dívida" havia sido quitada. E, AGORA, JÁ NÃO ERA MAIS ENTRE MIM E ELE, MAS ENTRE MIM E DEUS.

"É ele que nos perdoou todos os pecados, cancelando o documento escrito contra nós, cujas prescrições nos condenavam. Aboliu-o definitivamente, ao encravá-lo na cruz", (Colossenses 2, 13-14). 

"Tende consciência de que fostes resgatados da vida fútil herdada de vossos pais, não por coisas perecíveis, como a prata ou o ouro, mas pelo precioso sangue de Cristo, cordeiro sem defeito e sem mancha", (I Pedro 1, 18-19). 

UM CHAMADO AOS HOMENS: Homens! Não tenham medo de falar abertamente a verdade, porque (por mais que pareça que o mundo vai desabar) a verdade tem o poder de libertar! (cf. João 8, 32). 

[CONTINUA...]

CITAÇÕES: 
1 - Professor Felipe Aquino - Artigo "Um Espinho na Carne" 
- Bíblia Católica on line 

Comentários

Seguidores

Postagens mais visitadas